Valdino Júnior
INDÍCE
INTRODUÇÃO.. 2
I. ANALISANDO AS PALAVRAS DE JESUS. 3
II. ANALISANDO ONDE JESUS QUERIA LEVAR NICODEMOS. 3
III. MOSTRANDO NAS ESCRITURAS. 6
IV. USANDO LIÇÕES OBJECTOS E FORMAS PRÁTICAS. 11
CONCLUSÃO.. 14
BIBLIOGRAFIA.. 15
INTRODUÇÃO
Neste trabalho, quero poder levar-vos a olhar de perto o quadro do diálogo de Jesus com Nicodemos. Perceber em qual nível Jesus estava a falar com Nicodemos.
Jesus veio ao mundo para apresentar o reino de Deus, para trazer salvação e fazer-nos entender como alcança-la.
Para além disso, Jesus veio nos ensinar tudo que estava escrito nas Escrituras. Elas nos leva ao Novo Concerto, a Nova Aliança. Tudo que estava escrito no Antigo Testamento era apenas uma sombra do que viria. A lei era apenas um tutor (aio), os sacrifícios eram provisórios e apontavam para o sacrifício perfeito que viria através do próprio Jesus.
I. ANALISANDO AS PALAVRAS DE JESUS
João 3:3 “Em resposta, Jesus declarou: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo”. (Nova Versão Internacional)
“João 3:5.Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.”[1]
João 3:5, “Respondeu Jesus: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito.” “. (Nova Versão Internacional)
João 3:3 “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.” (Almeida Corrigida e Revisada Fiel)
João 3:5,Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. ” (Almeida Corrigida e Revisada Fiel)
Depois da leitura destes dois versículos isolados vou enquadrá-los no contexto de João 3:1-21. De seguida vou, propositadamente, levar-vos à uma visão dos mesmos com óculos especialmente voltados para as Escrituras, ou seja, em tudo que vem escrito como “sombra” da obra que Cristo veio fazer.
II. ANALISANDO ONDE JESUS QUERIA LEVAR NICODEMOS
“João, ao escrever o seu evangelho, assegurou-se de que soubessemos que Nicodemos era um fariseu e um dos principais dos judeus. Os fariseus eram os religiosos mais rigorosos de todos os grupos de judeus e foi com um deles que Jesus, naquele momento falou”.[2] “João 3:3 “Em resposta, Jesus declarou: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo”. (Nova Versão Internacional).” Pois Jesus sabendo quem era e qual o seu entendimento da Escritura, falou em uma linguagem que ele entenderia. Jesus não precisava mostrar mais religiosidade a Nicodemos pois ele sendo fariseu já era religioso o suficiente. Jesus teria que mostrar nas Escrituras o que tinha escrito sobre o novo nascimento, pois Nicodemos precisava nascer de novo. Nicodemos precisava de vida e Jesus fala com ele dentro do que ele conhecia. Nicodemos tinha a obrigação de saber o que era o novo nascimento, pois estava nas escrituras. Ele teria de tê-la interpretado da melhor maneira uma vez que essa era a sua função. Era mestre, alguém responsável pela leitura, interpretação e ensino.
Vejamos que em altura Jesus faz a seguinte pergunta: “(V.10) Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?” “Jesus estava supostamente a dizer para Nicodemos: isto está no Antigo Testamento!”[3] Ele tem a obrigação de saber! Como tu, sendo mestre, não sabes? É interessante o fato de que Jesus, a maior parte das vezes em que se vê confrontado com um fariseu usava as Escrituras, muitas das vezes com a pergunta: “ não leste nas Escrituras?” Como já vimos, Nicodemos era um mestre judeu, religioso e, por ser preso a religiosidade, respondeu da forma que ele entendia, isso vemos no (v.4). Nicodemos estava com uma visão terrestre da situação. “Os judeus criam que pelo fato de serem filhos de Abraão, isto é, da Aliança, e pelo fato de pertencerem àquela organização religiosa que era reputada como de origem divina, já haviam cumprido quaisquer exigências de natureza religiosa que lhes fosse solicitada quanto às questões espirituais. A teologia rabínica tinha um conceito extremamente superficial da regeneração, e o confinava essencialmente a uma modificação da posição social externa, de um gentio para um prosélito do judaísmo. Assim sendo, podemos entender a ignorância de Nicodemos sobre o ponto. No entanto, a igreja cristã de hoje ainda tem no seu meio elementos fortemente representativos dessa posição institucional. Para muitos, ser filho de Deus é a mesma coisa que pertencer a certa denominação, ou ser baptizado com o seu baptismo. Quer tenha havido ou não contacto com qualquer presença ou princípio divino, e quer tenha havido ou não qualquer transformação espiritual verdadeira no indivíduo.”[4] Jesus conhecendo que os fariseus usavam seus próprios óculos, ou seja, liam e tentavam compreender baseados no seu próprio ponto de vista. Jesus porém confrontava-os com a verdadeira interpretação das escrituras. Vou destacar alguns momentos.
Jesus vinha ensinar estas coisas, ele foi bem claro quando disse que “não veio ab-rogar a lei mais veio cumpri-la”. Jesus veio para que todos fossem salvos (Jo3:17), Jesus fez isso por amor, (Jo3.16).
Jesus não veio para complicar a Palavra, pelo contrario, ele veio esclarecer o que as pessoas não entendiam. Partes das Escrituras que estavam a ser mal interpretadas Jesus esclarecia (Marcos 12:24; Lucas 2:46-47; Mateus 22:29). O Sumo Mestre ensinava corretamente e quase todas as suas questões ou confrontos com os fariseus e doutores da lei, ele fazia questão de responder usando as Escrituras. Jesus, como um bom judeu que, cumpriu a lei de Moisés pois ela ainda estava em vigor naquela época. Isto foi-lhe ensinado desde a sua infância. Foi apresentado ao oitavo dia, sacrificaram um par de rolas e dois pombinhos, (Lucas 2:21-24; Levítico 12:3-6). Ele cumpriu a Lei que Deus deu a Moisés. Praticava-a e ensinava-a. Em nenhum momento Jesus veio revoga-la (Mateus 5:17-18). Jesus veio para simplificar as escrituras, colocar e aplicar de uma forma em que o povo entendesse, desde o mais sábio ao mais leigo. Ele confrontava os sábios e os religiosos com as Escrituras, sempre que era questionado ou ensinava alguém era baseado nas Escrituras.
No caminho de Emaús (Lucas 24:13-35) Jesus explicou-os tudo o que continha na Escritura a seu respeito, começando por Moisés e decorrendo pelos Profetas assim, Jesus ensinava, usava sempre tudo o que estava nas Escrituras ao seu respeito e toda a obra que ele iria fazer. Do mesmo modo procedeu com Nicodemos. Jesus explicava usando tudo o que se referia à sua pessoa nas Escrituras. Outras formas de Jesus ensinar é através dos confrontos com os doutores da Lei. Jesus usa sempre as Escrituras para responder as questões. Fazendo uma boa exegese e interpretação dos textos, trazendo à luz verdades que sempre estiveram lá porém os mestres, sozinhos, não se aperceberam. Jesus respondia suas questões e dúvidas sempre com as Escrituras. Muitas das vezes Jesus “virava o bico ao prego”, desta forma, ao invés de responder as questões, levava-os ao raciocínio, muitas vezes com interrogações: “não lestes e ou não tendes lido?” Pois quase toda vez que isto acontecia Jesus citava o texto da Escritura correspondente ao assunto a ser tratado. (Mateus 12:1-8; 12:9-21) Jesus cumpriu o que estava escrito em Isaías (Isaías 42:1-4); Mateus 19:3-10; 21:14-17, 33-46; 22:23-33; Marcos 2:23-28; 12:1-12,26; Lucas 6:1-5). Repare bem de perto a abordagem de Jesus em (Mateus 19: 4-5) Jesus pergunta-os antes de responder a pergunta, “ não tendes lido”?
“Tratando-se do novo nascimento, Jesus ao usar este termo (João 3:5), “nascer de novo” que em grego “novo” termo que pode significar aqui uma dentre duas coisas, a saber: 1. Novamente, isto é, nascer «novamente», nascer do alto. Ambas são traduções possíveis, e ambas têm sido defendidas pelos eruditos. Tais significados, como «do alto» (quando se refere a questões espaciais), se encontram no vs. 31 deste mesmo capítulo, onde se lê: «Quem vem das alturas certamente está acima de todos…,(Ver também os trechos de João 19:11; Tia. 1:17 e 3:15,17). Espacialmente falando, pode significar do topo, conforme vemos nas passagens de Mat. 27:51; Mare. 15:38 e João 19:23, Contudo, também pode significar «do principio», conforme vemos em Luc. 1:3 e Atos 26:5. Novamente, pois, é tradução definidamente correta, no trecho de Gál. 4:9. Essencialmente, nesta passagem, os sentidos podem ser estreitados a apenas dois: 1. «novamente»; 2. «do alto».”[5]
Pela tradição, os fariseus havia lido com certeza as Escrituras, porém não deveriam ter compreendido ou feito a correcta interpretação. Olhando desta forma, fica fácil perceber onde Jesus estava levando Nicodemos. Na dimensão em que ele falava não será difícil perceber que Jesus estava falando e apontando para a Escritura. Algo que ele deveria saber pois conhecia ao ponto de ensinar, Nicodemos era mestre.
Logo iremos ver que Jesus estava a falar com Nicodemos, dentro de uma forma que ele entenderia. Jesus não queria fazer uma charada para que Nicodemos ficasse perdido, pelo contrário, Jesus falou dentro do conhecimento que ele tinha. Fê-lo caminhar por caminhos que sempre andou. Fez aplicações a partir de lições objeto com base naquilo que Nicodemos conhecia e poderia perceber rapidamente.
III. MOSTRANDO NAS ESCRITURAS
“Já vimos que Jesus estava trazendo Nicodemos para um ponto no qual ele conhecia, então o que Jesus queria mostrar a Nicodemos que ele não conseguia perceber? “ tu és mestre em Israel e não compreende estas coisas?” (João 3:10).
Sem entrar muito em pormenores, pois o intuito é mostrar o que Jesus queria explicar a Nicodemos, vemos porque (João3:5), não se tratava de água do baptismo. “Milhões de pessoas têm recebido o ensino de que o seu batismo faz com que elas nasçam de novo. Se esse ensino sobre o baptismo não é verdade, ele é uma tragédia enorme e mundial. Não creio que seja verdade. Então, o que Jesus quis dizer com as palavras: “Quem não nascer da água e do Espírito”? Há várias razoes pelas quais penso que a referência à água, neste versículo, não diz respeito ao baptismo cristão.
Em primeiro lugar, se fosse uma referência ao baptismo cristão e se fosse tão essencial ao novo nascimento, como alguns o dizem, pareceria estranha a sua ausência no restante do capítulo, quando Jesus nos ensina como ter a vida eterna: “Para que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (v. 15); “Para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (v. 16); “Quem nele crê não é julgado” (v. 18). Se o baptismo fosse tão essencial, seria estranho não ser mencionado juntamente com a fé no restante do capítulo.
Em segundo, a analogia do vento, no versículo 8, pareceria estranha se o novo nascimento estivesse tão firmemente ligado ao baptismo com água. Jesus disse: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito”. Isso parece dizer-nos que, ao produzir a Regeneração, Deus é tão livre quanto o vento. Mas, se isso acontecesse toda vez que um bebe tivesse a cabeça molhada, essa liberdade não existiria. Nesse caso, o vento seria limitado pelo sacramento. Esse texto não transmite a ideia de que Jesus estava pensando em termos de sacramento ou baptismo.”[6]
Então onde Jesus queria realmente chegar? (v.10) “tu és mestre em Israel e não compreendes estas coisas?” Jesus estava falando de Regeneração. Esta acção é atribuída a Deus (João1:13). “Ele, que não foi gerado nem do sangue, nem de uma vontade da carne, nem de uma vontade do homem, mas de Deus.”[7] “Isto é proveniente do alto, (João 3:3,7), efectuada pelo Espírito Santo (João 3:,8). Há outras referências que deixam subentendidas essas verdades, como (Efésios 2:4,5; 1 João 2:29 e 4:7; Tito3:5). A passagem de (João3:8) adverte-nos de que há muitos elementos inescrutáveis nesse assunto, pelo menos para nosso estado presente de conhecimento.
Podemos definir a regeneração como uma actuação drástica do Espírito Santo, sobre a natureza humana caída no pecado, que conduz o indivíduo, não somente à uma nova perspectiva e à uma nova natureza psicológica, mas, finalmente, à santidade perfeita, à participação na natureza divina, conforme Cristo participa dessa natureza. O regenerado, final e perfeitamente, nasce de novo nos lugares celestiais e recebe assim a natureza metafísica real de Cristo e dessa maneira um filho é conduzido à glória, totalmente transformado em um novo tipo de ser, extremamente exaltado.
John Gill (in loc.) diz: «…nascido de novo, regenerado ou revivificado pelo Espírito de Deus; renovado no espírito de sua mente; tem Cristo formado no seu coração; tornar-se participante da natureza divina. Em tudo foi feito uma nova criatura; foi dotado de outro coração, em princípio na prática e na sua conduta, nascida do alto (conforme a palavra é traduzida no vs. 31), isto é, mediante um poder sobrenatural, tendo sido impresso com a imagem celestial; e tendo sido chamado com a vocação celestial, com a alta chamada de Deus, em Cristo Jesus».
Adam Clarke (in loc): «O novo nascimento, que é aqui referido, compreende não somente aquilo que se chama de justificação ou perdão, mas também aquilo que se chama de santificação e consagração. Portanto, o pecado deve ter sido perdoado, e a impureza desse coração deve ter sido lavada, antes que a alma possa entrar no reino de Deus. Posto que o novo nascimento subentende a renovação da alma inteira, em retidão e santidade autêntica, não se trata de uma questão que possamos desprezar facilmente: o céu é um lugar de santidade, e nada que lhe seja diferente poderá jamais entrar ali»”[8].
Jesus mostra esta santidade durante o tempo em que anda pregando e ensinando. Ele mostra muito mais quando foi ao Calvário. É esta santidade, é esta Regeneração que Ele quer mostrar a Nicodemos, a Regeneração do coração do homem e na vida daqueles a quem Ele salva. Isso acontece no mundo diante dos olhos dos gentios, que podem ver a transformação que ocorre na vida dos crentes, como também ocorria na vida dos judeus que entendiam o real sentido do nascer de novo. Este conceito de novo nascimento, estava explicito nas Escrituras. A Regeneração estava o tempo todo presente. O que Jesus fez foi traze-la para o contexto e aplica-la a Nicodemos. Textos como (Ezequiel 36:22-32) falam deste assunto no Antigo Testamento.O versículo v.24: “Vou levá-lo de entre os pagãos” queria dizer que “O instrumento que leva o povo de Deus dentre as nações é o Evangelho, que torna crentes pessoas de toda tribo, povo, nação e língua. Este mesmo versículo faz menção de que o povo de Israel seria levado novamente à sua terra. Esta é a terra de que Jesus ao falar com Nicodemos disse que é necessário nascer de novo para entrar nela (Mt 24:31).
O versículo 25 diz o seguinte: “Então aspergirei Água Pura sobre Vos, e ficareis purificados; de Todas como vossas imundícias, e de Todos os Vossos ídolos, vos purificarei.” Estes versículos estão relacionados com as palavras do Senhor a Nicodemos em João 3:3-8. É uma passagem que ele deveria saber. Desta forma entendeu o significado das palavras do Senhor para ele (João 3:10). Explica o significado da água em João 3:5. Aqueles que acreditam nas doutrinas pagãs de regeneração baptismal não têm sido lentos para explorar a passagem dos Evangelhos em favor do seu ensino. Nem sempre vimos como interpretar a água em João 3:5. Tivemos a estranha teoria de que ele se refere ao parto natural, água parada para o sémen, enquanto o Espírito refere-se à regeneração, ou ao nascimento espiritual. Tal ideia é tensa, absurda, fora de harmonia com o contexto e não é obtida comparando Escritura com Escritura pois é completamente ausente de João 3:5.”[9]
A água é um símbolo da acção do Espírito Santo que viria fazer a mudança, sendo assim ela pode alcançar vasta interpretação simbólica, desde o batismo de João, o rito judaico ao baptismo de hoje, incluindo a Palavra ( as Escrituras). O mais importante é que quando Jesus falou com Nicodemos falou de algo que Nicodemos poderia entender como ação regeneradora, algo que se encontrava nas Escrituras. Desta forma faz sentido o que Jesus falou depois. Isto levou Nicodemos a rever tudo o que estava escrito com outros óculos (Números 8:6-7; Êxodo 19:10; Salmos 51:2,7). “A água é apresentada com frequência na literatura joanina, cerca de vinte vezes no Evangelho. Duas vezes na sua primeira Epístola e dezassete vezes em Apocalipse. Nesta passagem poderá salientar a acção directa da Palavra de Deus na vida do homem. Tal como a água, a Palavra é um agente purificador e libertador da vida humana. A água é vital para a existência do homem (Ex 23.25). É através dela que o sacerdote do Antigo Testamento efectuava o rito da limpeza das mãos e dos pés (Ex 30.17-21). Foi através dela que Jesus deixou um exemplo de humildade e de purificação (Jo 13.1-20)”[10].Embora tenha citados estes textos e outros que fazem referência a água e o Espírito, Jesus estava apontando para o texto que se referia uma Nova Aliança. Não a Abraâmica ou a do Monte Sinai, mas sim a Aliança feita no seu próprio sangue a qual viria pela crucificação e expiação que seria feita por Ele. Isto pode ser percebido após a apresentação de Jesus (João 3:14).
“O texto que mais exemplifica é (Ezequiel 36:22-32), creio ser esta a passagem que dá origem às palavras de Jesus: “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus”. Para quem Deus falou: “Vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus” (v. 28)? Resposta: para aqueles aos quais Ele disse: “Aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei” (v. 25). bem como para aqueles aos quais Ele disse: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo (v. 26). Em outras palavras, entrarão no reino aqueles que têm uma novidade que envolve a purificação do velho e a criação do novo.
Assim, o modo correto de pensar sobre o seu novo coração, novo espírito e nova natureza é que eles ainda são você e precisam ser perdoados e purificados este é o objectivo da referência à água. Minha culpa precisa ser lavada. A purificação com água é uma figura disso. Jeremias 33.8 afirma-o nestes termos: “Purificá-los-ei de toda a sua iniquidade com que pecaram contra mim; e perdoarei todas as suas iniquidades com que pecaram e transgrediram contra mim”. Portanto, a pessoa que somos continua a existir, ela apenas necessita de ser perdoada, e lavada da sua culpa”[11]
“E assim que entendo esses versículos: (Ex 36,26-27). O coração de pedra significa o coração morto que era insensível e indiferente à realidade espiritual o coração que você tinha antes do novo nascimento. Ele podia reagir com paixão e desejo a muitas coisas, mas estava endurecido em relação à verdade espiritual, à beleza de Jesus Cristo, à glória de Deus e ao caminho da santidade. E isso que precisa ser mudado para que vejamos o reino de Deus.
No novo nascimento, Deus remove o coração de pedra e dá-nos um coração de carne. A palavra carne não significa “meramente humano” como em (João 3:6 “O que é nascido da carne é carne). Significa vivo, correspondente e sensível, ao invés de uma pedra inanimada. No novo nascimento, o tédio inerte e inflexível que sentimos para com Cristo é substituído por um coração que sente o valor d’Ele.
Quando Ezequiel disse: “Porei dentro de vós espírito novo, porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos” (vv. 26-27), penso que ele pretendia dizer que no novo nascimento Deus coloca no nosso coração uma vida ativa, sobrenatural e espiritual. Esta é a nova vida, este é o novo espírito. Uma obra do próprio Espírito Santo, dando forma e carácter ao nosso novo coração”[12].
“O espírito é o impulso que o dirige e regula seus desejos, seus pensamentos, e sua conduta. Os dois serão substituídos e renovados; o coração que é teimoso, rebelde e insensível (o coração de pedra) por um que é macio, impressionável e responsivo {coração de carne). Nada há na palavra hebraica para “carne” que sugira a tendência corrompedora do Grego sarx, conforme é usado no Novo Testamento e especialmente pelo apóstolo Paulo em Romanos 8. O resultado deste transplante psicológico é que Israel passará por uma verdadeira mudança de sentimentos e se tomará, pela iniciativa graciosa de Deus, o tipo de povo que, no passado, deixara de ser de modo tão marcante. A implantação do Espírito de Deus dentro deles transformará seus motivos e lhes capacitará a viver de acordo com os estatutos e os juízos de Deus (27). Jeremias, em passagem semelhante da sua profecia, sobre a qual Ezequiel parece estar baseado (Jr 31:31-34), não faz referência ao dom do Espírito, mas a sua referência é a de que Deus vai imprimir “as suas leis” na nossa mente, inscrevê-las “no coração” claramente produz os mesmos resultados. O revestimento do Espírito era um sinal da era Messiânica (cf. Is 42:1; 44:3; 59:21; Jl 2:28-29). Ezequiel tinha consciência disto e o mencionou em ocasiões posteriores (37:14; 39:29). Para ele, portanto, a restauração de Israel era o início dos últimos dias, a era do Messias. Em harmonia com aquela ideia, o relacionamento da Aliança entre Deus e Israel seria renovado (vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus, 28), e além da purificação das imundícias do passado, haveria a perspectiva de uma Canaã com superabundância de prosperidade natural (29)”[13].
IV. USANDO LIÇÕES OBJECTOS E FORMAS PRÁTICAS
Jesus, a partir de (João 3:10-21): “Começando pelo (v.11) torna-se um monólogo entre Jesus e Nicodemos onde Jesus toma a frente e evolui de maneira quase imperceptível.”[14]
“Nicodemos acreditava que o Messias, na sua vinda, seria “levantado” ou exaltado num trono para salvar Israel da total derrota política. Jesus, no entanto, ensinou que em primeiro lugar, o Messias teria que ser levantado de modo bem diferente: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” O Messias teria de ser levantado numa Cruz para salvar a nação do perecimento espiritual.
Qual a conexão entre a crucificação do Filho do homem e a regeneração dos filhos dos homens? Quando Deus criou o homem e lhe soprou nas narinas o fôlego da vida, transmitiu a este não somente a vida mental e física, como também o Espírito Santo. Adão foi criado perfeito, e certamente deve ter recebido o Espírito Santo, pois sem ele a personalidade humana é incompleta diante de Deus. Quando os nossos primeiros pais pecaram, iniciou-se a morte espiritual e deixou de habitar neles o Espírito Santo. Quando, portanto, veio o Redentor, a sua missão era restaurar à humanidade a presença do Espírito. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro. Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito” (Gl 3.13,14). Cristo morreu na cruz a fim de remover o obstáculo que não permitia que a vida humana recebesse a presença de Deus. Este obstáculo era o pecado.”[15]
Em (João 3:13) Jesus faz uma referência ao título de Filho do Homem pois este é a grande designação para pessoa de Jesus. Este é o único que Jesus aplica a si mesmo, é uma expressão hebraica, o que quer dizer, “ben Adam”. Esta expressão é judaica mais os Pagãos usavam. Repare na expressão que foi usada quando Sadraque e seus amigos foram jogados na fornalha: um pagão diz que ver um filho dos deuses o paganismo já tinham um conceito do Filho do Homem.
O Velho Testamento trata a ideia de um Filho do Homem Escatológico bem lá a frente porém, Jesus vem no sinóptico dizendo que é agora (Lucas 4:18). Estêvão, quando vê Jesus vê Jesus de Daniel 7:13. Quando nós tentamos encontrar o Deus que não existe não encontramos o que existe. A designação de Filho do Homem não fazia muito sentido se Jesus tivesse aparecido como Filho do Homem quando apareceu terreno. Uma vez que eles aguardavam pelo Filho do Homem de Daniel 7:13, uma figura escatológica que viria restaurar o Reino. O que estava em frente deles era o Filho do Homem de Isaías 53, o Servo Sofredor. Existia a ideia de que o Filho do Homem seria o Segundo Adão e resolveria o problema do Primeiro. Quando Jesus fala com Nicodemos ele está com a ideia de Daniel 7:13. Isso percebe-se no diálogo de João 3:2 com a ideia do Filho do Homem que vem nas nuvens. Mas Jesus trá-lo para a realidade de Isaías 53 e explica isso com uma lição objecto a partir de João 3:14 onde mostra exatamente como seria nascer de novo através da Nova Aliança eterna que se concretizava na expiação. “No vs.14 encontramos uma ilustração simbólica desse ‘levantar’ de Cristo na narrativa de Moisés e da serpente de metal (ver Núm. 21:9). Os israelitas, uma vez mordidos pelas serpentes, eram curados mediante a obediência à ordem de olharem para a serpente de metal, que havia sido pendurada num poste. Assim também, a vida, a vida eterna, nos vem mediante a contemplação (no sentido de aceitação), ou fé no Filho do homem, na sua morte expiatória e na sua subsequente ressurreição.
O tema que Nicodemos viera debater com Jesus era o reino de Deus, o que o mesmo significa e como alguém pode tornar-se participante do mesmo. Mas Jesus apontou para o reino celestial, mostrando como Nicodemos e todos os homens podem ser admitidos nesse reino, tornando-se participantes dele. Jesus esclareceu, portanto que o novo nascimento é essencial; e aqui ele dá início à explicação sobre como o novo nascimento ocorre, bem e como sobre quais princípios espirituais tem ele o seu alicerce. Uma das grandes pedras fundamentais do novo nascimento é a cruz de Cristo. A fé em Cristo e no que ele fez na cruz, avança para o primeiro plano. É necessária a cura da alma, tão certamente como os israelitas precisavam da cura do corpo devido às mordidas das serpentes venenosas. Usualmente, a serpente serve de símbolo do mal, representando o próprio Satanás. Essa circunstância se torna bom símbolo da condição de perdição dos homens, cujas almas, por estarem alienadas de Deus, estão enfermas até à morte. As mordidas da serpente permeiam, como seu veneno, o arcabouço inteiro de suas vítimas, e outro tanto sucede no caso do pecado, que entremeia a personalidade humana.
No tempo de Moisés, a serpente de metal foi dependurada em um poste a fim de mostrar aos israelitas que, embora o pecado houvesse atraído o julgamento, todavia lhes era oferecida a cura, cura essa verdadeiramente eficaz. Na cruz, embora não houvesse iniquidade alguma em Cristo, Jesus se fez pecado por nós e, no madeiro, foi ele que derrotou o inimigo e fez dele um espetáculo público pelo que lemos no trecho de Col 2:14,15.”[16]
No monólogo, Jesus explica detalhadamente o que acontece quando se entende a Expiação. É através dela que é dado o novo nascimento. Durante todo o diálogo de Jesus com Nicodemos estava baseado nas Escrituras, tudo o que havia escrito sobre Ele nas Escrituras e como iria acontecer a Nova Aliança, qual seria o papel de Jesus, e como Nicodemos faria para fazer parte do reino.
CONCLUSÃO
O novo nascimento é fundamental na vida de um ser humano, o tempo todo o Antigo Testamento, nos dá sombra sobre tudo que iria vir acontecer, percebemos com o diálogo de Nicodemos e Jesus, que tudo o qual Jesus estava a falar com Nicodemos já vinham sendo apresentado como sombra no Antigo Testamento, através do Pentateuco e dos Profetas.
Jesus traz a luz tudo que estava escrito e acontecendo, no qual o que Ele era, (João 8:12) o cordeiro de Deus que foi morto desde a fundação do mundo, o que ele é (Apocalipse 13:8) o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, e o que há de vir (João 1:29;Apocalipse 5: 6,8,12) o cordeiro em apocalipse.
Através deste diálogo de Jesus e Nicodemos, nos faz ver a real necessidade de Cristo para nascer de novo, pois se não nascermos não veremos o reino de Deus.
Cristo, nos mostra claramente que somente a teologia não salva. Mesmo sendo o maior teólogo ou sábio do mundo, não conseguiria chegar lá com sua sapiência. Somente através de Cristo pois Nicodemos sabia tudo que estava escrito porém não conseguia compreender, pois ele teria que ter fé, por quanto a causa e a porta para o reino estava diante dele.
Não basta só conhecer Jesus e saber quem ele é, não basta só crer em Jesus, pois os demónios crêem e temem, não basta só ter fé nós temos que ter e aceitar a obra redentora de Cristo na cruz e tudo isto, pois o nascer de novo é viver em conformidade com saber quem ele é, crer, ter fé, aceitar a obra redentora e viver dia após dia de acordo com isto, buscando a santificação.
“William MacDonald descreve em seu livro, que o episódio da conversa com Jesus e Nicodemos desde (João 3:1-16) esta nos mostrando a forma que Jesus empregou esse episódio para mostrar a Nicodemos que Cristo teria de ser levantado (crucificado) para conceder vida eterna a quem olhasse para ele pela fé.”[17]. Este é um ponto alto da explicação de Cristo, pois ele o tempo todo estava a falar com Nicodemos através das escrituras.
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[1]BEERS, Ronald A. (Editor Geral) (2003). Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, Revista e Corrigida. Pág. 1420.
[2]PIPER, John. Finalmente Vivos – O que acontece quando nascemos de novo? Pág. 29.
[3]PIPER, John. Finalmente Vivos – O que acontece quando nascemos de novo?Pág. 39.
[4]CHAMPLIN, Norman. R. (1997). Enciclopédia De Biblia Teologia e Filosofia(3ª Edição., Vol. 4). Pág. 527.
[5]CHAMPLIN, Norman. R.. O Novo Testamento Interpletado Versículo Por Versículo. Pág. 304.
[6]PIPER, John. Finalmente Vivos – O que acontece quando nascemos de novo? Pág. 38.
[7]GIRAUDO, Tiago (Direção editorial) (1973). A Biblia de Jerusalém.. Pág. 1986.
[8]CHAMPLIN, Norman. R. (1997). Enciclopédia De Biblia Teologia e Filosofia,3ª Edição., Vol. 4. Pág. 529.
[9]ATKINSON, Basil F. C., M.A, Ph.D.. The Atkinson Commentary of the Bible. Pág. 99.
[10]FIGUEIREDO, Pedro. A Questão do Aóyoç e os Discursos de Jesus no Evangelho de S. João. Pág. 96.
[11]PIPER, John. Finalmente Vivos – O que acontece quando nascemos de novo? Pág. 40.
[12]PIPER, John. Finalmente Vivos – O que acontece quando nascemos de novo? Pág. 41.
[13]TAYLOR, John B., M.A. Ezequiel Introdução e comentário. Pág. 208.
[14]BRUCE, F. F..João introdução e comentário. Pág. 83.
[15]PEARLMAN, Myer. João o Evangelho do Filho de Deus. Pág. 45.
[16]CHAMPLIN, Norman. R. O Novo Testamento Interpletado Versículo Por Versículo. Pág. 310.
[17]MACDONALD, William. Comentário Bíblico Popular Antigo Testamento. Pág. 125.