A idolatria é uma ofensa ao Deus verdadeiro que se deu a conhecer pessoalmente e em carne e osso na pessoa de Jesus Cristo. E é um atentado contra nós mesmos, porque agride a imagem e semelhança na qual fomos criados e que o pecado corrompeu.
Quando o homem nega Deus e O rejeita, procura para si substitutos e o próprio homem é um dos substitutos prediletos que começou com a rebelião de Lucifer contra Deus (Isaías 14:12-14), se propagou a todos os demónios que o seguiram e se infiltrou no género humano na queda de Adão e Eva. Ser igual a Deus, ser deus de Deus (como se isso fosse possível e não uma imbecilidade), ser deus de si mesmo e deus dos outros.
O apóstolo Paulo quando escreve a sua carta aos romanos, logo no primeiro capítulo apresenta uma descrição muito clara e objetiva do processo em que o homem se envolveu com a desobediência e todas as consequências espirituais e morais que daí decorrem. Ainda hoje estas palavras provocam comichão nos ouvidos de quem as ouve, mas elas são o diagnóstico que o próprio Deus faz da situação humana e do seu processo histórico: “A ira santa de Deus desencadeia-se dos céus contra a impiedade e contra a malícia daqueles que por meio dessas ações perversas tornam a verdade ineficaz. Não quer dizer que desconheçam a verdade acerca de Deus pois é Ele que lha tornou bem evidente aos seus olhos. Pois é certo que desde o princípio do mundo os atributos invisíveis de Deus, como a divindade e a omnipotência, não têm sido de difícil compreensão através daquilo que criou, e que com tanta frequência vemos e admiramos, a ponto de não poderem ser desculpados. Sempre se admitiu a existência dum Deus, embora se recusassem a reconhecê-Lo como tal, ou dar-Lhe graças pelas maravilhas que operou. Não admira que se tornassem insensatos nas suas argumentações, mergulhando suas mentes ridículas nas trevas cada vez mais. Por detrás duma fachada de ‘sabedoria’ não passam de autênticos loucos, ao pretenderem transformar a glória do Deus eterno numa imagem, imitação de homem mortal, ou mesmo de quadrúpedes, de aves ou de répteis. Abandonaram a Deus; não admira que Deus os abandonasse a eles, permitindo que sejam ludíbrio das suas más ações, a desonrarem os seus próprios corpos.” (Romanos 1:18-24 – paráfrase de J. B. Phillips)
Em toda a Bíblia encontramos denúncias muito vincadas contra toda a sorte de idolatria, como é o caso deste texto: “Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos dos homens. Têm boca, e não falam; têm olhos, e não vêem; têm ouvidos, e não ouvem; têm nariz, e não cheiram. Suas mãos não apalpam; seus pés não andam; som nenhum lhes sai da garganta. Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem, e quantos neles confiam.” (Salmo 115:4-8)
Desgraçadamente a nossa nação vive num atoleiro e prisão espiritual pela idolatria que grassa pela mão de responsáveis que se chamam de cristãos e introduziram todo um vasto panteão de imagens perante as quais as pessoas se dobram, a quem rezam, que transportam em ombros nas procissões cuja referência mais emblemática é Fátima, mas que tem muitos outros centros. Tudo isso é uma afronta à revelação de Deus na Bíblia que claramente condena semelhantes práticas. Não se trata de ofender quem quer que seja mas de sermos claros e denunciarmos toda a prática idólatra, que o texto bíblico repudia.
Um ídolo não é apenas uma imagem de pau, de pedra ou de metal perante a qual alguém se ajoelha e cultua (ou venera eufemisticamente). Ídolos são também o dinheiro, os bens materiais, atores e atrizes, jogadores e até nós mesmos. Tudo o que colocamos no lugar de Deus, e tem uma ascendência na nossa vida e comportamento que só a Ele pertence, é um ídolo. Todos os ídolos são uma prisão espiritual, emocional e mental.
É muito sugestiva a forma como as várias traduções e paráfrases nos apresentam o texto que nos serve de título: “Filhos queridos, cuidado com as imitações.” (1 João 5:21 – A Mensagem, Eugene H. Peterson). “Meus queridos filhos, guardem-se de qualquer coisa que possa tomar o lugar de Deus nos vossos corações.” (1 João 5:21 – O Livro). “Mas acautelai-vos, meus filhinhos, de todos os deuses falsos!” (1 João 5:21 – J. B. Phillips). O melhor que temos a fazer é precisamente isso. Só o verdadeiro nos realiza.
Samuel R. Pinheiro