VERDADE ABSOLUTA
A verdade ou é absoluta ou não é verdade. Verdade relativa é um contra censo. A minha verdade tem de ser a verdade de todos ou então não é verdade. Não existe isso da minha verdade e a verdade dos outros. Ou é verdade ou não é verdade.
A questão da verdade sempre interpelou os homens. Muitos deles infelizmente não se deixam interpelar o suficiente por ela e não esperam ou não se detêm o suficiente para serem informados acerca dela.
O evangelho dá-nos disso um exemplo na pessoa de Pilatos que diante de Jesus questionou acerca do que é a verdade. Só que retirou-se sem ouvir a resposta. Melhor dizendo retirou-se sem acolher a própria verdade que estava diante dele em carne e osso.
Em termos de fé a verdade é fundamental. Fé na mentira leva à morte. Só a fé na verdade é genuína e autêntica. Só a fé na verdade é verdadeira.
Jesus Cristo apresentou-se como a verdade. Ou seja na fé cristã a verdade é uma pessoa, não uma fórmula matemática, física ou química. A verdade não é um axioma filosófico. A verdade não é uma figura de linguagem literária. A verdade é Cristo. Ele mesmo o disse. Ele mesmo o provou. “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14.6).
Jesus Cristo é a origem de toda a realidade. Ele é o Criador e o Sustentador de todas as coisas. Todo o Universo tem o seu fundamento n’Ele. Foi Ele que o trouxe à existência.
A verdade que não é vivida não se conhece efectivamente. Só conhecemos por dentro a verdade quando ela é interiorizada e expressa nos actos do quotidiano.
Quando os absolutos morais e éticos são questionados e colocados em causa, vive-se ao sabor do vento, das conveniências, do prazer imediato. Quando o relativismo invade e assenta arraiais no domínio ético e moral, perde-se o rumo, instala-se a confusão e domina a morte da ausência de sentido e propósito. Quando a verdade absoluta dos valores e dos princípios é descartada não há campanha sobre as consequências dos actos que vingue e dê os resultados esperados. Quando Deus é esquecido, posto em causa, remetido para as rotinas dos rituais religiosos sem qualquer interferência na vida do dia a dia, os absolutos morais e éticos desaparecem e são substituídos por outros absolutos contraditórios como é o caso da tolerância que não mais capaz de se insurgir e denunciar a mentira, e da afirmação que “tudo é relativo”.
Como cristãos evangélicos seguidores de Jesus Cristo afirmamos que Ele é a verdade absoluta e que pela Sua vida e ensino temos valores e princípios espirituais, morais e éticos absolutos sem os quais a morte se instala eternamente.
A exigência de Cristo é nada mais, nada menos, do que a perfeição do Pai no amor: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? não fazem os publicanos também o mesmo? E se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? não fazem os gentios também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.” (Mateus 5.43-48).
Não é possível a santificação quando a verdade absoluta é descartada. A santidade é ferida no seu âmago quando se nega a possibilidade da verdade. Para Jesus a santificação é possível pela verdade da palavra divina. Foi assim que Ele orou ao Pai: “Santifica-os na verdade: a tua palavra é a verdade.” (João 17.17). Quando teólogos, filósofos e outros que tais negam a Bíblia como Palavra de Deus, ao sabor da corrente do pluralismo e do relativismo, atacam o cerne do propósito de sermos à semelhança de Deus: “Sede santos, porque eu sou santo.” (1 Pedro 1.16). A santidade é a vida vivida na verdade que é Cristo em amor.
O evangelho de Jesus casa a verdade com o amor. Essa conjugação é declarada de forma inexcedível e em toda a sua crueza, na cruz em que Cristo morreu. Ali está a verdade da ruína e morte que o pecado produz, a justiça absoluta de Deus e o Seu amor em graça e perdão para connosco. É assim que devemos crescer em tudo como membros da Igreja segundo o dizer de Paulo pelo Espírito Santo: “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é o cabeça, Cristo, (…).” (Efésios 4.15).
A verdade em amor não é a negação do pecado e dos pecados, mas a sua denúncia segundo a graça, a misericórdia e a justiça do Deus que é santo. Todo o pecado tem perdão segundo o evangelho, menos o pecado de não reconhecer o pecado e de aceitar o perdão que só Jesus nos pode dar porque morreu em nosso lugar, sofrendo sobre si a penalidade do pecado. “Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação, sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós. que, por meio dele, tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus.” (1 Pedro 1.17-21).
É na verdade que Cristo é e que Ele declara, viveu, pela qual morreu e ressuscitou, que encontramos a genuína liberdade. É possível ser verdadeiramente livre na verdade de Jesus. Livres da mentira do pecado, do absurdo, da morte, do vazio, da desesperança, da ausência de sentido e propósito.
A verdade absoluta existe. A verdade absoluta é Jesus. Neste tempo de pluralismo e relativismo declaramos sem quaisquer reticências essa verdade. Fora dela estamos irremediavelmente perdidos por toda a eternidade. Resistamos como discípulos de Jesus às investidas da cultura pluralista e relativista, seguindo a verdade em amor.
Samuel R. Pinheiro