A atualidade ao serviço de Cristo

 

Ricardo Jorge Mendes Rosa

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Ao rever as notícias nos media tenho sido confrontado com temas, que de modo mais ou menos incessante, atraem o meu pensamento momentaneamente, até que ele se eclipsa.

Desde greves de estivadores até manifestações a favor de instituições de ensino privado, passando por várias polémicas sobre bancos, offshores, entretenimento ou dramas; todo o conteúdo com que os media nos bombardeiam, pode encher o nosso pensamento.

O que me levou a refletir neste momento, é algo simples. Qual o estado da Igreja em Portugal, em relação a estes assuntos e o que estamos a fazer para levar o Evangelho a quem necessita?

Além da ação social, algo que é necessário e que deve fazer parte do ADN das igrejas locais, a ação espiritual (ou seja, o anunciar do Evangelho) é vital para que levemos Cristo a ser conhecido pela nossa nação. Poderemos argumentar que falar de estivadores e colégios, a partir de um púlpito e numa celebração de igreja, é fazer política e está errado. Mas não nos podemos esquecer, que falar de algo nem sempre é subscrevê-lo ou promovê-lo. Temas como a justiça, a pobreza, o auxílio ao próximo ou a corrupção, tão combatidos no Antigo e no Novo Testamento, são ainda atuais. Podemos e devemos usar o que ouvimos hoje, como ponte para o anúncio do Evangelho. Podemos e devemos construir vias de comunicação com quem ainda não caminha com Deus, não através da terminologia teológica ou eclesiástica, mas da comum linguagem e problemas diários.

Muitas vezes, permitimos que todo o nosso evangelismo seja carregado de expressões eclesiásticas, que pouco ou nada dizem a não cristãos. Precisamos de reverter essa situação, usando a cultura e os focos comuns do dia-a-dia, a favor da pregação da mensagem de Jesus: existe vida além desta vida e temos que tomar uma decisão hoje!

Esta contextualização é necessária, não só para que sejamos ouvidos, mas para que sejamos (sobretudo) compreendidos. Ao pensarmos nos exemplos de Jesus (com as parábolas) ou de Paulo (com recurso a poetas e filósofos clássicos), percebemos que a ação criativa de Deus não se esgotou na Criação. Ainda hoje devemos buscar direção do Espírito Santo, para que possamos perceber como comunicar com as novas gerações. Não só porque os meios se desenvolveram, mas também porque estas mesmas gerações mudaram e com elas mudam os interesses, os níveis de literacia e alfabetização, a qualidade de vida, etc.

Precisamos, não de permitir que a cultura domine o Evangelho, mas que o Evangelho se sirva livremente da cultura e da atualidade como veículos e pontos comuns com a sociedade.