Resposta Paulina ao Gnosticismo em Colossensses

Gnosticismo

Simbolo do Gnosticismo

INTRODUÇÃO
O Gnosticismo foi um grande problema no passado para a igreja primitiva e ainda que não se fala muito disso hoje, o gnosticismo tem enredado muita gente com seus ensinos. Para perceber isto vamos abordar qual o  significado do gnosticismo, procurando saber a sua origem  e qual a sua importância. Procurando entender o problema gnóstico em Colossos, com base  na refutação de Paulo e também perceber de que forma o gnosticismo actua hoje em dia nas nossas igrejas.

I. DEFINIÇÃO DE GNOSTICISMO

Gnosticismo vem da palavra grega gnosis que significa “conhecimento” – muitos helenistas vangloriavam-se de possuir uma sabedoria muito mais profunda do que a revelada nas Escrituras e era privilégio de poucos. Eles consideravam a matéria má em si, razão por que um Deus santo não a poderia ter criado. Os anjos diziam eles, eram os criadores da matéria. Um Deus puro não se comunicava directamente com o homem pecador, mas por meio de uma cadeia de anjos intermediários, que formavam uma espécie de escada.” Segundo Champlin os Pais da Igreja chamavam o gnosticismo de “sabedoria grega”. Macarthur descreve que os gnósticos ofereciam uma miscelânea sinistra de ideias, mitos e superstições; os quais eram emprestados das religiões pagãs de mistério e das filosofias humanas. E sublinha ainda que todas as formas de gnosticismo começaram com a noção de que a verdade é secreta, conhecida apenas por um grupo selecto de mentes elevadas e iluminadas.

II. AS ORIGENS DO GNOSTICISMO

Pouco sabemos sobre as origens do gnosticismo. O movimento não teve fundador, apesar de o nome de Simão, o Mago como podemos ver em Actos 8, ser muitas vezes associado nas tradições da igreja com o surgimento do gnosticismo. O gnosticismo não tem texto do qual parte, nem é possível identificar uma data específica para o começo do movimento. Algumas ideias do gnosticismo já eram conhecidas no tempo do NT. Apesar de o assunto ser debatido, porém, não há evidências de que o gnosticismo existiu antes do cristianismo.

III. A IMPORTÂNCIA DO GNOSTICISMO

O gnosticismo obviamente é importante para a compreensão da história da igreja e também em termos teológicos. Nós também temos de lidar com o problema do mal. Muitos erros do gnosticismo ainda representam um perigo hoje em dia. Alguns tendem a rejeitar o mundo criado por Deus e a considerar o corpo mau, ou a achar que Cristo não foi plenamente humano. Ou, como o famoso gnóstico Marcião, muitos se vêem tentados a rejeitar a autoridade do AT.

IV. O PROBLEMA GNÓSTICO EM COLOSSOS

Segundo Carson os Colossenses eram cristãos neófitos. Não fazia muito tempo que haviam deixado o paganismo ou o judaísmo, e era fácil para eles retornarem às práticas e maneiras de pensar às quais tinham estado acostumados antes de sua conversão, as quais ainda encontravam e cuja atracção lhes era impossível negar.
Shedd nos diz que os gnósticos propuseram a solução da separação, quase infinita em distância, do Deus bom, de um lado; e do mundo material, de outro. O homem, pelo conhecimento (gnosis, isto é, conhecimento esotérico) e acertada adoração, poderia influenciar os poderes angelicais e demoníacos que dominavam o espaço entre Deus e o mundo. E Champlin afirma que os gnósticos tinham reduzido Cristo a mera emanação, como se ele fosse um mediador entre muitos. Para os gnósticos, Cristo era apenas o deus deste mundo e não de toda a criação. Os gnósticos separavam de Deus dos homens por tão grande número de sombrios “aeons”, que o contacto de Deus com os seres humanos se tornava virtualmente impossível.
Os gnósticos não achavam necessário negar o poder de Cristo para salvar os homens do pecado, mas criam que o sofrimento e a morte de Jesus mostravam inconfundivelmente que ele mesmo fora vítima do azar, condenado a sofrer um caprichoso fatalismo do mundo material. E no que se refere ao cristianismo, o gnosticismo consistia, essencialmente, na tentativa de fundir as revelações dadas por meio de Cristo e seus apóstolos com os padrões de pensamento já existentes, o cristianismo tornar-se-ia apenas mais outro culto misterioso greco-romano.

V. A REFUTAÇÃO DE PAULO CONTRA O GNOSTICISMO

O gnosticismo não era uma seita única e exclusiva, O pensamento gnóstico oferecia possibilidades para os “inventores” de religiões, por meio das quais cada falso mestre poderia inventar sua própria seita, Por essa razão, o gnosticismo, como um sistema, não era fácil de ser refutado; e não é fácil descrevê-lo.
Shedd destaca que Paulo como advertência emprega quatro métodos em sua luta contra o gnosticismo, (1) advertência “cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs subtilezas…” (Cl 2.8), (2) usa o Termos-chaves dos hereges, dentre os quais Ryrie destaca: “O Homem Perfeito” (Cl 1.28), “Mistério de Deus, Cristo (Cl 2.2), Sabedoria e Conhecimento” (Cl 2.3), “Rudimentos do Mundo” (Cl 2.8) e “Cabeça” (Cl 2.10). (3) Dá à história o seu devido lugar, (4) Exalta Cristo, o Filho de Deus.
Patzia descreve como refutação que Paulo enfatiza que os Colossenses não necessitavam de uma fonte adicional de revelação, ou; autoridade para sua vida espiritual. Cristo não é simplesmente mais uma força espiritual, dentre outras que compõem a totalidade, ou plenitude (pleroma) do universo (Cl 1.19). Ele é superior a todos os poderes, visto que ele, e só ele, é o Deus encarnado; a plenitude de Deus encontra-se em Cristo.
Shedd sublinha que Paulo combateu estas heresias reconfirmando as principais verdades históricas e teológicas do evangelho: 1) Cristo incorpora toda a realidade divina, 2) Ele é superior a todo poder real ou inventado (Cl 2.10,15), 3) A perfeição se alcança unicamente em união vital com ele (v.10), 4) por intermédio da fé e do enxerto em Cristo, simbolizado no baptismo, todos os benefícios da morte e ressurreição dele são compartilhados e 5) não estando mais morto e alienado de Deus pelo pecado, o cristão vive totalmente liberto da culpa e em tranquilidade diante de qualquer obrigação religiosa, por intermédio da vitória de Jesus na morte e ressurreição.

VI. O GNOSTICISMO HOJE

MacArthur destaca que o gnosticismo, na realidade, nunca morreu. Traços de influência gnóstica têm infectado a igreja através de sua história. Actualmente, uma tendência neognóstica de se buscar conhecimento oculto vem ganhando uma nova influência e trazendo consigo resultados desanimadores.
Em ambientes onde são toleradas a doutrina imprecisa e uma negligente exegese bíblica, onde definham tanto o discernimento quanto a sabedoria bíblica, as pessoas tendem a procurar algo mais que a simples suficiência que Deus providenciou em Cristo. Hoje, como nunca antes, a igreja tem-se tornado negligente e atordoada quanto à verdade bíblica, e isso tem conduzido a uma busca sem precedentes pelo conhecimento oculto. Isso é neognosticismo, e três de seus traços principais, presentes hoje na igreja, indicam que ele está ganhando ímpeto: a psicologia, o pragmatismo e o misticismo.

CONCLUSÃO

Para concluir, vimos o significado da palavra gnosticismo que vem do grego gnósis e que quer dizer conhecimento, também investigamos que o gnosticismo é de origem incerta e a sua importância é para a compreensão da história da igreja e também em termos teológicos. A igreja dos Colossenses enfrentara graves conceitos e influências da heresia gnóstica, que negava a divindade de Cristo e misturavam o sincretismo religioso com a filosofia humana. Contudo Paulo refuta o gnosticismo advertindo os Colossenses quanto a estes perigos. Sobretudo para que eles não ficassem enredados com suas filosofias e vãs subtilezas. Mas que “em Cristo habitou corporalmente toda a plenitude da divindade”. Portanto isto se aplica hoje também, devemos ter o cuidado para detectarmos estas heresias gnósticas em nossas igrejas para podermos refutar à luz da palavra de Deus para que os crentes não sejam confundidos e venham estar presos a filosofias humanas. Que Deus nos ajude!

BIBLIOGRAFIA

CARSON, D. A., MOO, Douglas J. e MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. Traduzido por Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Vida Nova, 1997.
CHAMPLIN, Norman Russel. Enciclopédia De Biblia Teologia e Filosofia. 3ª Edição. Vol. 2. São Paulo, SP: Candeia, 1997.
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DOCKERY, David S. Manual Bíblico Vida Nova. São Paulo, SP: Vida Nova, 2001.
MacARTHUR, John. A Guerra pela Verdade: Lutando por certeza numa época de Engano. Traduzido por Gordon Chown. São José dos Campos – SP: Fiel, 2010.
—. Nossa Suficiência em Cristo. 2ª Edição. Traduzido por Editora Fiel. São José dos Campos – SP: Fiel, 2007.
PATZIA, Arthur G. Novo Comentário Bíblico Contemporáneo: Efésios, Colossenses, Filemom. Traduzido por Oswaldo Ramos. São Paulo: Vida, 1995.
PEARLMAN, Myer. Através da Bíblia Livro por Livro. São Paulo: Vida, 2006.
RYRIE, Charles C. A Bíblia de Estudo Anotada Expandida. Traduzido por Suzana Klassen. São Paulo: Mundo Cristão, 2007.
SHEDD, Russel P. e MULHOLAND, Dewey M. Epístolas da Prisão: uma análise de Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon. São Paulo: Vida Nova, 2005.

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